quarta-feira, 30 de junho de 2010

Decisões da Assembléia Geral de Usuários, Familiares, Profissionais, e Amigos da Saúde Mental de Araxá, em 28/06/2010

- A FESTA JULINA DA SAÚDE MENTAL, acontecerá na próxima Segunda-feira, 05/07/2010, às 14 horas, no Salão de Festas da Sociedade São Vicente de Paulo. Sinta-se convidado, e colabore com nossa festa!

- Criação da OFICINA DE CIDADANIA, às segundas-feiras, às 15:30, a partir do dia 12/07/2010, no Ambulatório de Saúde Mental.

- Formação de uma Comissão de Usuários, Familiares e Profissionais, para discutir e elaborar as diretrizes para formação da ASSOCIAÇÃO DE USUÁRIOS, FAMILIARES, PROFISSIONAIS E AMIGOS DA SAÚDE MENTAL - próxima reunião, na Oficina de Cidadania.

- Aviso de que alguns profissionais da SM estarão de férias no mês de Julho/2010.

- Mudança nos horários das Oficinas de Pensamentos Livres, e de Teatro:
a OFICINA DE PENSAMENTOS LIVRES será na Terça-feira , às 9 horas e a OFICINA DE TEATRO será na quarta-feira às 10 horas.

- As psicólogas Cristiane e Iara, estarão trabalhando também no Ambulatório de Saúde Mental; e a Terapeuta Ocupacional Priscila iniciará seu trabalho compondo a equipe de Saúde Mental no mês de Julho/2010.

"Segundo Nietzsche, Heráclito exclamou:
Só vejo o devir. Não vos deixeis enganar! É à nossa vista curta e não à essência das coisas, que se deve o facto de julgardes encontrar terra firme no mar do devir e da evanescência. Usais os nomes das coisas como se tivesse uma duração fixa, mas até o próprio rio no qual entrais pela segunda vez, já não é o mesmo que era da primeira."

"Travessia - do sertão - a toda travessia." (G. Rosa)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Araxá recebe R$30.000,00 para estruturação do CAPS II





:: Resultado da consulta:::
Município-UF:
ARAXA/MG

Entidade:
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE ARAXA

CNPJ:
12.046.773/0001-98

População:
85.713

IBGE:
310400





                             Bloco:
 GESTÃO DO SUS
Componente:
 IMPLANTAÇÃO DE AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
Ação/Serviço/Estratégia:
 CAPS II - INCENTIVO DEST. AO CUSTEIO DOS CENTROS DE AT. PSICOSSOCIAL
Competência
Número da OB
Data OB
Banco OB
Agência OB
Conta OB
Valor líquido
Desconto
Valor Total
Obs.
Processo
Tipo Repasse
    Parcela    
Nº Proposta
04/2010
25/06/2010
104
000973
0066240060
30.000,00
,00
30.000,00
 - 
25000093685201031
MUNICIPAL
















TOTAL
30.000,00
0,00
30.000,00
-
-
-
-
-


Valor líquido
Desconto
Valor Total
TOTAL GERAL
30.000,00
0,00
30.000,00

Id
Programa
Valor
1
CAPS II - INCENTIVO DEST. AO CUSTEIO DOS CENTROS DE AT. PSICOSSOCIAL
30.000,00
TOTAL
30.000,00

Já está depositada na conta do Fundo Municipal de Saúde de Araxá, a verba de incentivo de R$30.000,00 (PARCELA ÚNICA) para o custeio do CAPS II em Araxá. Esta verba deverá ser empregada na estruturação do Centro de Atenção Psicossocial e já tem destinação certa, conforme Projeto enviado ao Ministério da Saúde. A partir da data do depósito efetuado (25/06/2010), o poder público municipal terá 3 meses para inaugurar o CAPS II. Caso contrário, deverá devolver aos cofres da União a verba de R$30.000,00. Após a sua inauguração, o CAPS deverá continuar se adequando conforme legislação vigente, para ter o direito de solicitar junto ao Ministério da Saúde o seu credenciamento, aguardando a  disponibilidade orçamentária da União, para receber mensalmente uma verba destinada ao seu funcionamento. Agora caberá à comunidade araxaense fiscalizar o cumprimento dessas etapas e cobrar do poder público o direito de ter acesso a serviços de saúde mental de qualidade. Esperamos que não aconteça como no passado recente, quando o poder público municipal de Araxá dispensou uma verba de R$15.000,00 conquistada pelo município junto ao Governo Estadual, também destinada a estruturação do CAPS II. Todas as informações contidas aqui podem ser averiguadas junto às Coordenações Estadual e Nacional de Saúde Mental. Estamos de olho!!!
 

II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama

domingo, 13 de junho de 2010

Diário de Bordo: Entre Alegrias e Lágrimas

Dia amanhecendo... Meus pássaros cantam e a Lua adormecida, vela...
Como tem sido longa a nossa caminhada!...
Quarta-feira passada, o prefeito Anderson Adauto esteve na Fundação Gregorio Baremblitt e celebrou com os usuários, trabalhadores e amigos a doação de uma casa para que esta instituição de acolhimento e cuidado tivesse, definitvamente, um teto, um teto para agasalhar seus trabalhos e eum teto para recolher seus sonhos...
Um encontro de amigos... Desde a Assembléia Estadual até os dias de hoje, o prefeito Anderson Adauto construiu junto a nós da Fundação Gregorio um laço: defeundeu-nos quando ameaçados - foi luz na escuridão; apoiou-nos na caminhada, sendo mão amiga e providência generosa; e, agora, com a doação da Casa, fez-se membro, colaborador e irmão dos nossos trabalhos e sonhos.
...A ele, nossa imensa gratidão.
Os sonhos necessitam de pontes para que possam florir os caminhos.

Sorrimos e choramos... Assim, tem sido nossa caminhada.
Com tristeza recebemos a notícia do pedido de exoneração do cargo de Coordenadora de Saúde Mental do município de Araxá, da nobre e digna companheira Patrícia Nacif.
O que sentimos? Lamento e indignação...
Muito se sonhou, muito se realizou...
E não nos contentamos em apenas recoradar Jesus: Felizes os perseguidos por amor...
Por amor à justiça e à dignidade da Reforma Psiquiátrica.
Também não compreendemos por que o CAPS-ARAXÁ não se efetiva...
Qual a dificuldade, se lá temos as pioneiras deste sonho de cuidado amoroso e inclusão libertária?
Oh! Podres poderes!...
Nosso veemente repúdio ao juiz Renato Zuppo que a processa por atraso de uma perícia criminal, e nem se explica...
Sugerimos a ele uma reciclagem em saúde mental e direitos humanos, um aprendizado do diálogo e que deixasse o costume do calvário de tentar ferir os benfeitores da sociedade.
A ele, nosso repúdio...
E pedimos aos amigos que nos encaminhem o seu e-mail, para que os que lutam pela Reforma Psiquiátrica no Triângulo Mineiro pudessem, também, lhe expressar sua indignação.
OAB, onde estais que não vê, não escuta?...
Primeiro, Dona Ivone; agora, Patrícia...
O jurídico, na sua maioria, parece que não pensa desinstitucionalização, inclusão social, reabilitação psicossocial e direitos humanos... Tratam os trabalhadores de saúde sem ler e entender os processos atuais e as prioridades do Sistema de Saúde...
Desconhecem o novo, e não valorizam os verdareiros construtores desta nova ordem de inclusão e solidariedade.
Aliás, eles nunca atrasam... os processos seguem com rapidez e agilidade...
Sepulcros caiados de...
A ele, o nosso repúdio...
A Ela, nosso carinho, solidariedade e respeito.

No entanto, é preciso cantar...
Cantemos nossa fé, nossos sonhos... Nossa luta.
E substituamos a resilência dos covardes pela resitência dos que lutam e profetizam com suas ações, as necessidades do nosso povo e dos nossos corações.

Jorge Bichuetti
www.jorgebichuetti.blogspot.com

SAÚDE MENTAL EM ARAXÁ E OS DESAFIOS DE UMA CAMINHADA

Axará é uma cidade pioneira, e feita de lutadores... A saúde mental, composta de sonhos e resistência, desenha no ar da vida desta cidade, ternura, acolhimento e inclusão social...
A saída da companheira Patrícia Nacif é motivo de dor e compreensão, para todos que lutam pela Reforma Psiquiátrica no Brasil.
Dor pelo seu trabalho, pela sua persistência, pela sua dignidade e pela sua resistência e sonhos.
Muitos crerão que faltou resiliência... Termo útil e perigoso.
Resiliência é a capacidade de recompor-se, portanto, na vida, há momentos que ser resiliente é adaptar-se e retomar a forma perdida nos atropelos da vida; e isto, é útil, desde que não um modo de se acomodar diante das necessidades de resistência.
Há hora que somos chamados a anunciar e denunciar as necessidades de mudanças.
Então, resistimos...
Resistir é desvelar as pedras e espinhos que impedem a caminhada e reafirmar os passos da caminhada, dos nossos sonhos, dos nossos princípios, das nossas idéias e ideais...
A resiliência que cala, acomoda-se, acovarda-se diante das lutas necessárias à caminhada, não é saúde, é mero oportunismo e subserviência.
A resistência é profética.
Anuncia o novo necessário...
Denuncia a opressão, a exploração, o cinza no céu que impede o brilho do luar e a chegada do alvorecer...
A saída da companheira é ato de resistência...
Nele, somos chamados a ver...
Nele, somos convocados a entender...
Nele, somos acordados por um clamor...
Vemos que é necessário sem onipotência seguir, superando os entraves por ela revelados e reafirmando seu clamor...
Façamos a Reforma Psiquiátrica...
Com liberdade e justiça, com respeito e solidariedade.
O manicômio é lugar de silêncio; a reforma, o lugar da palavra.
Não se avança no processo de construção da inclusão social e do acolhimento terno e amoroso aos portadores de sofrimento mental, sem um dispositivo vivo e atuante de mudança.
Todos são peças deste dispositivo que permite que sonhos encontrem pontes para florir os caminhos.
A carta da companheira Patrícia Nacif pontua os pontos de estrangulamento que estão gerando as dificuldades da caminhada.
Escutemo-los...
E respondendo-os com decisão clara e digna, ante as necessidades da Reforma Psiquiátrica em Araxá, veremos que o sol voltará a clarear os horizontes, e a construção do CAPS-ARAXÁ e da saúde mental na atenção básica, refletirão o que pode uma cidade que é feita de ternura e valentia, onde o barro cura, os tachos dulcificam e as cantigas de esperança alimentam a confiança de sua gente no homem e na vida.

Jorge Bichuetti

sábado, 12 de junho de 2010

Potência e Vida

Muitos pensam a potência e capacidade de viver submissos ao ideário da subjetividade capitalística.
Vemo-la na força bruta, na riqueza e no poder...
Ela, assim pensada, torna-se um atributo dos vencedores e venderores do capitalismo.
Deleuze e Guattari rompem com este paradigma de potência-dominação e impotência-submissão.
Outro olhar, outro pensar...
Existe para eles potência na fragilidade, na enfermidade, na velhice, nas minorias oprimidas...
Se conhecemos o que pode a força e o fuzil, pouco sabemos do que pode a suavidade e a ternura.
E elas podem... Podem para além do registro da relação Amo-Senhor, para além da servidão e do servilismo.
O corpo cheio com órgãos pode impor-se, sobrepor-se, destruir e lastimar o outro e a vida.
A suavidade e a ternura podem compor... e devir-se fortaleza nos territórios da solidariedade e nos vôos do amor.
Devir-se anjo e guerreiro é desterritorializar o corpo fálico, viril e virulento e na suavidade de um corpo sem órgãos, alisar os campos da existência e reinventá-la nova, na intensidade ética-estética dos encontros amorosos e da sensibilidade cósmica.
Um novo jeito de viver... na força da gentileza e da compaixão, da compreensão e da doação.
Outro mundo, outro povo...
Um lugar onde a criança brinca e sorri nas rugas do rosto envelhicido, mas revitalizado pela potência suave do amor-ternura.
Um lugar onde todos desfrutem do devir mulher, animal, mineral e, também, do devir imperceptível...
O que pode um corpo? se fálico, com órgãos... pode na brutalidade da dominação.
Se outro, dado às forças produtivas da vida e à realteridade, pode... na suavidade de quem já não vive de conquistas, mas de mudanças radicais, onde florescem as margaridas e os girassóis e onde cantam o sabiá e os curiós.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Diário de Bordo: Caminhos e Lutas

Cada passo no caminho é um invento de vida. Vida repetida ou vida nova...
Amanhece, e o novo dia chega com infinitas oportunidades. Encontros, desencontros... alegrias, tristezas...
Já ousaste pensar no que pode um homem se potencializa a vida no correr dos minutos de um dia?
Podemos dar o abraço de carinho e ternura, florindo o caminho dos nossos amores...
Podemos dizer não... a tudo que oprimme e desumaniza a vida...
Podemos sonhar com uma vida diferente, onde o nosso coração saiba voar com os passarinhos, sorrir com as flores, lutar com os guerreiros e amar com os amantes, que sob os floxos de paixão da lua se fazem encantados...
Podemos gritar que não queremos o fim do 13° salário, já aprovado pela câmara dos deputados...
Podemos abrir fissuras na opressão e conquistar espaços de liberdade...
Podemos amar a todos, e movidos pela compaixão e pela solidariedade, criar atos de de generosidade acolhendo os filhos do nada e de ninguém...
Podemos nos aventurar e tirar nossas máscaras, sendo o que sonhamos e não o que nos obrigam a ser...
Construimos nossos destinos... Passivamente, no sim da covardia que aceita silenciosa os alvitres da exclusão... Ou, com valentia exigindo direitos humanos, direito à diferença, igualdade e justiça social.
Famintos, mulheres violentadas e machucadas, crianças na rua, jovens perdidos e desiludidos, desempregados, negros, gays, índios... Todos sofrem e clamam no chão, que o céu os salvem das mazelas deste mundo.
O céu pede mãos para se tornar presente nos horizontes do mundo.
A tua, a minha, a nossa mão que é necessária...
Diga, faça algo: ame com esperança e ternura, partilha e doação.
Diga, faça algo: lute... um outro mundo ainda é possível.



SETEMBRO, 10, 11 e 12. EM UBERABA, MG, OCORRERÁ O I° CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESQUIZOANÁLISE E ESQUIZODRAMA: 
POR UMA NOVA TERRA, POR UM POVO-POR-VIR...
VENHA! PARTICIPE!

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Lya Luft : A idade e a mudança

Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher. Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi. Foi um momento inesquecível...
A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito. Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?' 
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se "mudança".
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
Rejuvenesceu. Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face. Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...

Lya Luft

domingo, 6 de junho de 2010

Economia Solidária

A Rede Brasileira de Saúde Mental e Economia Solidária ampliou o número de iniciativas de geração de trabalho e renda. Já são 393 experiências mapeadas, que articulam sistematicamente a saúde mental e a economia solidária.
 
Parceira entre os ministérios da Saúde e do Trabalho e Emprego (Secretaria Nacional de Economia Solidária) permitiu a criação de uma política de incentivo técnico e financeiro para as iniciativas de geração de renda. Essas medidas ampliam e fortalecem o acesso ao trabalho e a renda de pacientes com transtornos mentais e/ou que apresentam problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas. 
Em 2001 eram menos de 10 parcerias, em 2010 já são 345 iniciativas de inclusão social pelo trabalho cadastradas.
A Coordenação Nacional de Saúde Mental utiliza o Cadastro Nacional das Iniciativas de Inclusão Social pelo Trabalho (CIST) para mapear as experiências de geração de trabalho e renda no campo da saúde mental. Este cadastro é um importante instrumento para a construção de uma rede de apoio às iniciativas de geração de trabalho e renda no campo da saúde mental.
O CIST encontra-se disponível no endereço eletrônico abaixo:

Coordenação Nacional de Saúde Mental
Ministério da Saúde

O que é Reforma Psquiátrica

• É a ampla mudança do atendimento público em Saúde Mental, que garante o acesso da população aos serviços e o respeito a seus direitos e liberdade;
• É amparada pela lei 10.216/2001, conquista de uma luta social que durou 12 anos;
• Significa a mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade;
• O atendimento é feito em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Residências Terapêuticas, Ambulatórios, Hospitais Gerais, Centros de Convivência;
As internações, quando necessárias, são feitas em hospitais gerais ou nos Caps/24 horas. Os hospitais psiquiátricos de grande porte vão sendo progressivamente substituídos.

Política Nacional de Saúde Mental

O Governo brasileiro tem como objetivos:

- reduzir de forma pactuada e programada os leitos psiquiátricos de baixa qualidade,
- qualificar, expandir e fortalecer a rede extra-hospitalar formada pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHG),
- incluir as ações da saúde mental na atenção básica,
- implementar uma política de atenção integral voltada a usuários de álcool e outras drogas,
- implantar o programa "De Volta Para Casa",
- manter um programa permanente de formação de recursos humanos para reforma psiquiátrica,
- promover direitos de usuários e familiares incentivando a participação no cuidado,
- garantir tratamento digno e de qualidade ao louco infrator (superar o modelo de assistência centrado no Manicômio Judiciário),
- avaliar continuamente todos os hospitais psiquiátricos por meio do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares - PNASH/ Psiquiatria.

Cenário atual

• Tendência de reversão do modelo hospitalar para uma ampliação significativa da rede extra-hospitalar, de base comunitária;
• Entendimento das questões de álcool e outras drogas como problema de saúde pública e como prioridade no atual governo;
• Ratificação das diretrizes do SUS pela Lei Federal 10.216/01 e III Conferência Nacional de Saúde Mental.

Dados importantes

• 3% da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes;
• mais de 6% da população apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas;
• 12% da população necessita de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual;
2,3% do orçamento anual do SUS é destinado para a Saúde Mental (abaixo do necessário).

Desafios

• Fortalecer políticas de saúde voltadas para grupos de pessoas com transtornos mentais de alta prevalência e baixa cobertura assistencial;
• Consolidar e ampliar uma rede de atenção de base comunitária e territorial promotora da reintegração social e da cidadania;
• Implementar uma política de saúde mental eficaz no atendimento às pessoas que sofrem com a crise social, a violência e desemprego;
Aumentar recursos do orçamento anual do SUS para a Saúde Mental.

Coordenação Nacional de Saúde Mental
Ministério da Saúde

Grupo de trabalho sobre o crack se reúne e propõe novas diretrizes para tratamento

A criação de Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSAd3 – 24 horas) com leitos masculinos e femininos, casas de passagem e pontos de acolhimento é uma das propostas do documento elaborado pelo grupo de trabalho do crack, liderado pela Area Técnica de Saúde Mental, da Secretaria de Atenção à Saúde.

O grupo formado por pesquisadores, coordenadores de CAPS, redutores de danos, profissionais que trabalham nos consultórios de rua, se reuniu na última terça-feira, dia 23 de março, no Ministério da Saúde. O acolhimento aos dependentes do crack foi o enfoque da primeira reunião, que consolidará propostas de ações para aperfeiçoar o atendimento aos usuários e a prevenção do uso de drogas. O texto final irá para consulta pública em um mês.

“A proposta dos CAPS-AD3 com leitos é ampliar os recursos necessários na rede para que possamos dar aos usuários de crack um cuidado contínuo, 24 horas por dia. Os espaços de acolhimento para usuários serão dispositivos para nos aproximar de uma população que não acessa os sistemas de atenção à saúde. A instituição aberta seria mais um local para que ele se sinta recebido, para tomar banho, descansar, enfim, que ele se torne um cidadão visível”, afirma o consultor da área técnica, Marcelo Kimati.

Para a pesquisadora da Aliança de Redução de Danos, Luana Malheiro, que fez um estudo qualitativo com usuários “o crack acaba sendo um detalhe dentro de uma série de históricos de ruptura e abandono”. Ela conta que em seu estudo foi possível identificar uma diferenciação entre os usuários que conseguem controlar o uso e os “sacizeiros”- denominação utilizada para os que não conseguem.

Essa diferença, entre usuários que conseguem ou não controlar o uso, também deverá ser levada em conta durante o tratamento, conforme as discussões do grupo de trabalho. A rede deverá se articular de forma diferenciada para atender esses dois perfis distintamente, sendo que a rede de atenção estará focada naqueles com uso descontrolado. Atualmente, os usuários de crack são tratados da mesma forma, independente de grau de dependência, vulnerabilidade e gênero.

A rede do Sistema Único de Saúde (SUS) que atende os usuários da droga conta com diversos tipos de unidades de atendimentos: são 1467 CAPS (I, II, III e AD), 30% dos profissionais dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família trabalhando com saúde mental, 14 projetos de redução de danos; além de, nos casos mais graves, 10% dos leitos de todos os Hospitais Gerais, todas as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (SAMU).

A pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Solange Nappo, aponta que um dos problemas a serem enfrentados no tratamento é o momento que o usuário vai buscar ajuda. “Muitas vezes o usuário só busca quando está próximo à morte, quando o caso já é grave”, conta a cientista, que orientou diversas teses sobre o assunto. Para buscar esses pacientes usuários nas bocas de fumo, o Ministério lançou o edital de consultórios de rua. Foram investidos R$ 700 mil nessa iniciativa, que está sendo levada adiante por 14 municípios.

Em Campinas, uma experiência na antiga rodoviária com usuários do crack tem conseguido aumentar a adesão dos pacientes. Um grupo de 13 pessoas que frequentavam o local está sendo acompanhado pelo CAPsAD do município. “O importante é acolher essas pessoas, porque elas vão ao centro e depois que melhoram não voltam”, conta Sander Albuquerque, coordenador da entidade na cidade.

Além da adesão e do acolhimento, outro foco da discussão foi a formação dos profissionais de saúde. O Ministério da Saúde deverá promover cursos de capacitação, com auxílio da Universidade Aberta do SUS (Unasus). Para Marco Manso, da Aliança de Redução de Danos, esse trabalho deverá ressaltar a importância de humanizar o atendimento “Muitas vezes os médicos não querem atender os pacientes”.

Coordenação Nacional de Saúde Mental
Ministério da Saúde

Área Técnica de Saúde Mental amplia perfil de ações para atender à população da rua e aos usuários de drogas

Trinta e cinco serviços na área de Saúde Mental, entre Centros de Atenção Psicossocial - CAPSAD (17), CAPSi (11), CAPS III (7) foram inaugurados desde 2009, quando foi lançado o Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e Outras Drogas (PEAD) pela Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde.

Além disso, três editais foram lançados para reforçar ações diferenciadas ligadas à dependência de drogas: um de Redução de Danos, em parceria com o programa de AIDS para apoiar 24 projetos, um edital de Consultórios de Rua, que resultou num investimento de R$ 700 mil e apoiou 14 projetos e uma pesquisa sobre Usuários de Crack, que ficará pronta em 2010. O balanço com as ações de 2009 foi apresentado durante a XI Reunião do Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental de todo o país, que aconteceu nos dias 11 e 12 de março, em Brasília.

"Com, o tempo, o perfil das ações da Saúde Mental vem se modificando. Percebemos que o modelo tradicional não funciona para o paciente dependente, pois muitas vezes são populações vulneráveis que não estão acostumadas a buscar um serviço de saúde", afirma o coordenador de Saúde Mental, da Secretaria de Atenção à Saúde, Pedro Gabriel Delgado.

Para o consultor do Ministério da Saúde, Luciano Elia, este é um questionamento a ser feito pelos próprios serviços. "É preciso parar de pensar por que o usuário não vai à rede e começar a segui-lo, no seu próprio circuito", propôs, durante a reunião de colegiado.

Essa medida, além de ampliar o acesso do usuário de drogas aos serviços de saúde, pode também colaborar para aumentar a adesão ao tratamento, que hoje é difícil. Em São Paulo, a coordenadora Rosana Dias conta que na região central da capital existem 11 mil moradores de rua - nas áreas da Luz, Sé e República - que recebem algum tipo de atendimento em Saúde. "A região possui três unidades básicas de saúde, três ambulatórios dois CAPS, sendo um deles CAPS-AD. São mais de 60 mil abordagens e 1.500 pessoas que recebem algum tratamento em saúde, mas a população entra e sai e não adere", conta Rosana.

A adesão pode ainda ficar prejudicada, já que os usuários de drogas contam apenas com o horário comercial para serem atendidos nos CAPS. Para Eraldo do Nascimento, de Carapicuíba, uma saída seria a mudança nos horários. "Um serviço que vai acolher o usuário de drogas tem que abrir outros horários, não pode abrir só pela manhã e à tarde", criticou. O incentivo à criação de mais CAPs AD de 24 horas foi uma das principais decisões do Colegiado.

O coordenador de saúde mental do Ceará, Marcelo Brandt, diz que a estreita articulação entre os CAPS AD e a Atenção Básica tem contribuído para ampliar a adesão ao tratamento.

NASF - A Área Técnica de Saúde Mental inovou também suas ações ao aumentar sua inserção na atenção básica. Dados do Departamento de Atenção Básica revelam que 85% dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs) têm psicólogos como profissionais. "Essa é a segunda categoria profissional mais prevalente nos NASF, isso pode indicar que eles já recebem algum atendimento em Saúde Mental", comenta Francisco Cordeiro, consultor do Ministério da Saúde.

A intersetorialidade das ações também traz à tona a definição das atribuições de responsabilidades. A saúde é apenas um dos setores que pode auxiliar no problema da drogadição, mas há muitas áreas que têm interface com a questão. São elas trabalho, educação, cultura, assistência social. O Ministério da Saúde já fomenta 393 iniciativas de geração de trabalho e renda, em cooperação com o Ministério do Trabalho, por meio do Programa Nacional de Saúde Metal e Economia Solidária.

Coordenação Nacional de Saúde Mental
Ministério da Saúde

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Coordenadora de Saúde Mental de Araxá Deixa o Cargo

No dia 31 de maio, a companheira Patrícia Rachid entregou o cargo de Coordenadora de Saúde Mental de Araxá, ao Secretário Municipal de Saúde e ao Prefeito Municipal, após 17 meses de muita dedicação a essa causa. Aguardamos o seu comunicado público, quando ela mesma nos dirá algumas palavras sobre o seu afastamento, e sobre a possibilidade de ter contribuído para o resgate da dignidade e a cidadania de muitos, nesse período. Assim como temos afirmado e reafirmado constantemente, ela conta com nossa total solidariedade e o reconhecimento de que tudo foi feito sem medir esforços. Tudo mesmo. Desejo que novos desafios povoem a sua vida e que eles sejam da estatura dessa grande mulher.
Abraço,
Samara.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Porta Fechada

Sartre escreveu Teatro de Situações para estimular os franceses a lutar contra o nazismo. Suas peças teatrais denunciavam veladamente a ocupação nazista. Em 1944, escreveu a peça Huis clos (Portas fechadas), traduzida no Brasil com o título: Entre quatro paredes.
Entre quatro paredes mostra a situação do absurdo, da incomunicabilidade, do controle sobre as pessoas. Numa sala com estatueta de bronze, símbolo de insensibilidade, Sartre coloca três personagens: um homem e duas mulheres. Garcin fugira do combate, alegando ser pacifista. Um "covarde". Estelle, da alta sociedade, engravida, vai dar à luz na Suíca e lá joga a criança num lago. É "infanticida". Inês é funcionária pública. Não gosta de homem. Enamorou-se de mulher casada. E o esposo desta, desesperado, suicidou-se. Inês define-se: " Sou má, preciso do sofrimento dos outros para existir". É cruel.
Os três personagens agem e reagem como "mortos vivos". Aos poucos, cada qual vai sendo desnudado. Nenhum consegue esconder sua vida. Todos ficam expostos ao "olhar" de todos. Humilham-se. Hostilizam-se. E Inês diz: "Estamos no inferno. Condenados".
Sartre apresenta o "olhar" como forma de devassar e fiscalizar a vida dos personagens. "Não quero apodrecer em seus olhos", diz Garcin a Estelle. A conversa dos três é irônica e frustrante. Garcin reclama silêncio, mas inês e Estelle continuam a tagarelar. Os três mantêm "olhar" vigilante. Cada um crava o olhar nos outros. Garcin quer escuridão para fruir intimidade com Estelle. Inês lembra que ali nunca há escuro e que os dois estão sob o seu olhar implacável. Olhar de "gestapo". Revoltada, Estelle apanha uma faca para matá-la. Irônica, Inês diz que já está " morta". Desatinado, Garcin quer ir embora. Mas a sala está trancada. Por fim, a porta é arrombada. Os três estão indissoluvelmente atados entre si. E cada um é "carrasco" para os outros. Inês arremata: "Temos de ficar juntos, sozinhos, até o fim".
Garcin resvala a mão pelo "bronze" insensível e sente que está no inferno. "Aqui, as lágrimas não correm." E acrescenta: "Todos esses olhares me devoram". Garcin descobre que o inferno não é enxofre nem fogueira. E profere a sentença agressiva: "O inferno são os outros".
Entre quatro paredes mostra que os seres humanos podem estar na mesma sala e "infernar-se" psíquica, política e moralmente. As pessoas castigam-se com a insensibilidade, o cinismo e o ódio. São estátuas de bronze frio com olhar ferino. Garcin diz a Estelle: "Darei a você o que puder. Amor, não".
Sartre salienta que a prisão pode ser piscoética, e não apenas física. O talento do filósofo analisa a situação existencial de seres humanos que se trancam pela presença recíproca, mesmo que não haja paredes. Mas, no mundo fechado, Sartre abre uma fenda de esperança. "A gente é o que a gente quer ser." O homem tem a possibildade de inventar a sua vida. E não ser carrasco para outros nem prisioneiro dos outros. A linguagem comunicacional pode reabrir-se. E os "outros" poderão ser irmãos. E não " inferno".

Antropologia
Ousar para reinventar a humanidade
Juvenal Arduini