CURA, ALTA, EMANCIPAÇÃO E MILITÂNCIA
Fim de tarde. O crepúsculo forja uma quietude serena. Nem sempre...
Durante um ano, mês a mês, tínhamos supervisão de equipe. A equipe do CAPS se reunia e se via, com a co-visão de Baremblitt.
Ele é sempre um supervisor precioso. Atento, criativo. Se dá por inteiro. Nós, infelizmente, por um longo tempo lhe aturdimos com o mesmo: queixas, lamúrias e lamentações. - Gregorio, e os crônicos? ... - O que fazer?...
- Ah! Eles participam pouco ... - Não damos alta.
Paciente, tudo ouvia. Orientava... Não negava nossa angústia. Nem dizia que era angústia retrógrada, pois desde Rotelli todos já havíamos abandonado o conceito de cura, adotávamos o de emancipação.
Um dia já exausto, olhou-nos com carinho e firmeza (sabedoria à flor da pele), sabedoria ímpar, e assinalou: - Alta, nesta clínica, é militância! ... Deixar o lugar de doente, usuário, e conquistar o espaço da luta. Alguma luta ... Núcleos da luta antimanicomial por local de moradia, outras lutas ... Lutas ...
Até hoje, repercute sua fala ... e eloqüente a sentimos verdadeira.
Só deixamos o lugar de vítimas se ocupamos o espaço de guerreiros, lutadores ...
Postado por Jorge Bichuetti em