quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sem ética, não há cuidado

IX Seminário do Projeto Integralidade

Conferência de Abertura com Madel T. Luz:

“Sem ética, não há cuidado”


Realizada por Madel Therezinha Luz, a Conferência de abertura do IX Seminário do Projeto Integralidade propôs uma reflexão sobre as questões atuais da ética e da formação para o cuidado em saúde. Para isso, a professora do IMS iniciou o discurso analisando a ética no plano cultural e das relações sociais. “O cuidado supõe uma relação de proximidade e de preocupação com o outro. A ética é uma dimensão fundamental nesse aspecto. Sem ética, não há cuidado”.

 Madel T. Luz: Discussão sobre valores em crise na cultura contemporânea
Madel T. Luz: Discussão sobre valores em crise na cultura contemporânea

A conferencista ainda destacou que o conceito de ética também está diretamente ligado ao conhecimento e aos valores e práticas sociais. “Devemos nos questionar que tipo de ética que está atrelada ao conhecimento. Práticas constroem formas de agir e pensar. Não há agir que não esteja relacionado a valores”. Valores esses que, para Madel, estão em crise na cultura atual. “As ciências da saúde na cultura contemporânea não têm se ocupado da universalidade das práticas. Afinal, como a sociedade individualista se preocupa com o cuidado?”

Na última parte da sua apresentação, a professora trouxe à luz os encontros e desencontros da ciência com a ética do cuidado na formação dos cuidadores. A biomedicina, a complexificação do campo da saúde e a fragilidade da sociedade atual (“todos estão adoecendo”) vão exigir uma série de novas buscas e reflexões para os próximos anos. “É preciso construir uma rede de diálogos entre planos de ação, planejamento e serviços. O ensino e a formação precisam ser repensados, pois são alguns dos campos que exigem uma reforma urgente”.

Ao encerrar, Madel T. Luz reforçou o seu pensamento sobre o Ato Médico, que considera um “fator complicador” na busca pelo cuidado: “O Ato Médico implode a lógica da saúde e vai contra os princípios do SUS, além de não criar espaços para o diálogo e a cooperação. A ética médica de Hipócrates é contrariada visceralmente”.

Lappis

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