quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Morre Lentamente

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

CAPACITAÇÃO EM PRÁTICAS GRUPAIS - 2º MÓDULO - 21/08/10

Caro Colega,

Esperamos por você, no sábado (21/08/10), às 13:30, na Policlínica, para nos encaminharmos à Chácara dos Ipês, onde acontecerá a Formação em Práticas Grupais.

Seguem algumas orientações para tornar nosso encontro mais confortável e prazeroso:
• Utilize roupas e sapatos confortáveis;
• Traga almofada e/ou manta, pois faremos atividades no chão;
• Faremos um Sarau, então traga uma poesia, um petisco e uma bebida para ser compartilhada... e o que mais sua criatividade permitir...;
• Traga ainda, seu questionário (quem estiver com ele), sua pasta, mesmo que não a tenha terminado, e um caderno para anotações, se o quiser.

Organização da Capacitação em Práticas Grupais:

SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL
Rua Edmar Cunha, 135 – Vila Santa Terezinha
Tel. : 3691 7137 Araxá – MG
Email: saudemental@araxa.mg.gov.br
Blog: saudementalaraxa.blogspot.com

domingo, 15 de agosto de 2010

Psicofarmacologia na Prática Clínica

Realização: Mental Help - Serviços em Saúde Mental

Professor: Dr. José Sardella (Psiquiatra)

Módulo I: Antidepressivos
Data: 23/10

Módulo II: Estabilizadores de Humor
Data: 06/11

Módulo III: Antipsicóticos
Data: 20/11

Módulo IV: Benzodiazepínicos
Data: 04/12

Carga Horária: 4h/módulo
Horário: 8h às 12h
Local: a ser definido

Investimento por módulo:
Profissionais: 150,00
Estudantes de Graduação: 100,00

Os interessados poderão optar pelo número de módulos que quiserem. Aqueles que optarem por mais de um módulo poderão fazer o pagamento total em uma única vez, ou a cada módulo. O pagamento do primeiro módulo deverá ser efetuado até o dia 15/10. Será fornecido certificado.

Forma de Pagamento:
Por meio de depósito bancário para Sardella Consultoria em Saúde Mental Ltda ou cheque
CNPJ: 09076681/0001-46
Banco Real
Ag: 1747
Conta: 2002764-1

O comprovante de depósito deverá ser entregue no ato da inscrição. Para aqueles que residem fora de Uberlândia, o comprovante poderá ser entregue no início do curso, desde que já tenham informado anteriormente a data do depósito.

Os interessados que residem fora de Uberlândia poderão fazer a sua inscrição enviando os seguintes dados para sadairel@gmail.com:
Nome
Profissão/Estudante
Instituição
Endereço Completo
Telefone
e-mail

Os residentes em Uberlândia deverão realizar a sua inscrição, na Rua Alexandre Marquez, 463 - Martins - Uberlândia (Clínica de Psiquiatria e Psicologia).

Será confeccionado folder de divulgação com ficha de inscrição anexa, onde os dados do inscrito serão registrados oficialmente.

A inscrição somente será considerada mediante a comprovação do depósito realizado.

Telefones para mais informações: 32372525 (Ana Lúcia) - 96679676 e 96881221 (Samara).
www.mentalhelp.srv.br (em construção)

domingo, 8 de agosto de 2010

A verdade é o que você sente...

É o amor...
O resto é ilusão
A gente tem que chegar ao equilíbrio
Ao caminho do meio
Mas não é fácil não...
É preciso muitas oficinas de Pensamentos Livres...
O pensamento ultimamente é muito ruim...
Eu só tenho pensamentos negativos
Eu tô buscando melhora, ajuda
Eu sozinha não vou conseguir
Agora você conhece o caminho, o coração.
Eu agora só penso em morte
Às vezes, eu choro...
Eu penso muito na natureza, verde, flor.
Gosto de ganhar flores...
A criança retrata toda pureza, liberdade
Quando a gente é criança, é livre
Não tem pensamento ruim...
Quando a gente está doente, a liberdade acaba
Ficamos dependentes dos outros, de remédios.
“vou te contar...
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender...
Fundamental mesmo, é o amor...”
É impossível ser feliz sozinha
M. quando nós vamos catar umas goiabas?
Diz que Deus não castiga se roubar só frutas na horta do vizinho...
Na Rua Santa Rita, antiga Rua das Pedras
Tinha tantas mangas!
A gente juntava... tinha jabuticaba, limão, mexerica...
E era bom
Eu tinha doze anos...
Se não pode fugir, não
Lá fora é só ilusão...
Você tá dizendo o tempo todo que o importante tá dentro da gente???
A vida ensina pra gente que não vivemos sozinhos...
Que viver é sentir,
Não vegetar...
Não somos frutos do pecado
Do bem e do mal!
Se estamos aqui, É PRA VIVER!
Quando chegamos no coração
Chegamos no equilíbrio!
Quando passamos a viver o lado bom do amor,
O lado positivo
O lado ruim deixa de existir
Possa atrair as coisas boas
Por isso eu agradeço de estar aqui
Por isso eu amo todos vocês incondicionalmente.
Ninguém chega à felicidade senão for pelo coração.
“ostra feliz, não faz pérola...”

Poesia elaborada como construção coletiva em OFICINA DE PENSAMENTOS LIVRES, pelos usuários e profissionais do Ambulatório de Saúde Mental de Araxá, em 03/08/2010.

UM PENSAMENTO LIVRE...

Não vivo de utopia...
A realidade é feita de supostas fantasias
A realidade é!
A criança em mim, a amo!
Em brincadeiras e momentos de expansão
Livres! Todos somos livres!
Mas o pensamento te condiciona...
Pensamento Livre...
Coisas que passam pela cabeça,
E não quer contar pra ninguém...
Falo o que sinto
Isso é pensamento livre.
Fantasio que estou em Paris...
Que fiz gol na copa...
Que estou com uma namorada bonita...
É o que pensa, imagina...
Você tem idéias a partir da música...
Cada um tem sua idéia...
Você pensa o que te toca,
O pensamento pode ser mais livre...
Ninguém aprende aandar sozinho
Pensamentos quaisquer.
As coisas devem nascer dos pensamentos
O pensamento fala também da infância...
Cada um viveu a sua.
Lembranças da infância...
O que meu pai fazia...
A região em que vivi...
A gente nunca deixa de ser criança.
As mesmas do hoje, não lembro tanto quanto do passado...
Estamos programados a viver desde o começo...
A gente não pode ser livre???
A minha idéia era declamar poesias...
Um pensamento livre de cada um:
“ganhar na megasena”
“ ser feliz com ele...”
“desejo que todos se amem mais, vivam intensamente cada momento...”
“resultado do que ingere, se transforma em hidrato de carbono, e dirige seu pensamento para algo que não foi ainda condicionado...”
“Tudo o que já tinha que existir, já existiu... Não há muito para existir...”
“não somos totalmente livres”
“ninguém prende o que você pensa”
“é bolinha de sabão...”
“se é condicionado, não é livre...”
“não sei...” “é mais do que eu sei tudo”
“são fantasias... estar apaixonado... fantasiar que está com alguém...”
“é liberdade, vivo minha liberdade...”
A falta de liberdade dos outros, me afeta.
Definições relativas – é pensamento livre!
A bolinha de sabão, é o nitrogênio mais leve que o mundo aqui de fora...
O corpo mental pensa independente do seu sentir
Quando deseja que todos sejam livres, isso é liberdade???
Só vivendo pra saber...
Não dá pra ter respostas na ponta da língua...
Querem o bem da sociedade por que isso afeta a eles
É o pensamento livre, de ser livre!
A liberdade de um, depende da liberdade de outros.
O prazer tem a ver com sentimentos
Não, não tem...
É sentimento, diferente de pensamento.
Pensamentos desejantes são diferentes de pensamentos mentais
Você não é um trem...
Não precisa de um trilho.
A criança está dentro, mas não se vive só ela.
Pensamento livre é do “ser” humano...
Há pensamentos diferentes...
Cada um pensa do seu jeito
Cada um respeita o que o outro pensa
Parar de pensar em respostas decoradas
E viver mais intensamente
É muito pensamento
É profundo...
Há de trabalhar a humildade de cada um.
Reconhecer quem você é.
Pensamos muita coisa, mas temos limitação para pensar e agir.
Falta humildade quando se pensa em liberdade.
Nós somos limitados!
Fazemos o que podemos,
Mas é pouco em relação ao mundo à volta
A criança interior, inocência, infância
Reporta à humildade
Um dia, a gente não sabia...
A gente precisa de um pouco de loucura, pra cortar a corda e ser livre...
Não! A gente precisa de sensatez e liberdade
O segredo está no universo, e quando se descobre ele, deixa de existir.
PENSE LIVRE!!!!!
O labirinto não nos mostra o caminhar,
Mas nos ensinam a caminhar
Por onde passamos,
Cenas repetidas em busca de saída...

Poesia elaborada como construção coletiva em OFICINA DE PENSAMENTOS LIVRES, pelos usuários e profissionais do Ambulatório de Saúde Mental de Araxá, em 27/07/2010.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Silêncio e Palavra

I
A couraça das palavras
protege o nosso silêncio
e esconde aquilo que somos.

Que importa falarmos tanto?
Apenas repetiremos.

Ademais, nem são palavras.
Sons vazios de mensagem,
são como a fria mortalha
do cotidiano morto.
Como pássaros cansados,
que não encontraram pouso
certamente tombarão.

Muitos verões se sucedem:
o tempo madura os frutos,
branqueia nossos cabelos.
Mas o homem noturno espera
a aurora da nossa boca.

II
Se mãos estranhas romperem
a veste que nos esconde,
acharão uma verdade
em forma não revelável.
(E os homens têm olhos sujos,
não podem ver através.)

Mas um dia chegará
em que a oferenda dos deuses,
dada em forma de silêncio,
em palavra transformaremos.

E se porventura a dermos
ao mundo, tal como a flor
que se oferta - humilde e pura - ,
teremos então cumprido
a missão que é dada ao poeta.
E como são onda e mar,
seremos palavra e homem.

Thiago de Mello

O Ego e a Esquizoanálise

Normalmente, estamos acostumados a ouvir e ler sobre o valor do ego. Inclusive, é ele idolatrado como mediador de conflitos e negociador de atitudes que fazem do homem, um bom homem: adaptado, cordato e capaz de suportar frustrações.
Ele nos dá a realidade: nua e crua. E ele nos acomoda na realidade submissos e resignados.
Um ego forte é resiliente. Se recompõe, se reestrutura... sofre e depois de um tempo assimila o mal estar e com ele convive.
Segundo muitos, é ele o responsável por suprimirmos de nossa vida o reprimido e seus conflitos.
Deleuze discordava... Dizia que era a própria repetição que gerava as repressões e seus conflitos derivados.
Propõe, então, matar o ego.
Egóicos, o escutamos temerosos.
Afinal, somos apegados ao nosso mundinho e ao nosso Eu.
Contudo, é o Eu um dos mais poderosos inimigos da mudança.
Ele nos apequena, nos restringe e nos limita.
Ele nos faz cópias e boas cópias, tais quais as que querem o mundo, status quo, mundo cinzento e de repetições.
O que impede o ego? A singularidade, a multiplicidade, o devir, ou seja, a individuação como sujetivação livre e libertária.
Há outro mundo para além deste, que bloqueia a atualização de virtualidades potentes.
Há vida após a morte do ego: vida livre e dada à potência dos acontecimentos que emergem na florescência do nosso inconsciente produtivo e maquínico, onde o desejo e produção se conectam nos redemoinhos da vida que é vontade de potência, bons encontros e paixões alegres, espaço liso e nomadismo.
É o que pode um corpo que se libera e já não sendo mais espírito acorrentado( Nietzsche), se aventura na exploração da vida, terna e suave, solidária e gentil, dos guerreiros que se inventam como permanente libertação.

domingo, 1 de agosto de 2010

Em Benefício das Cores... e das Flores!

As imagens são puro deslumbramento, como fazer caber na imaginação esses seres, vivendo ali ao lado, hoje ainda, tão magnificamente entrelaçados à Natureza?

A parte mais baixa do Vale de Omo, no sudoeste da Etiópia, isolada pelas montanhas etíopes ao norte, os pântanos do rio Nilo a oeste, e o deserto do Quênia, ao sul, é um dos lugares mais selvagens do planeta. Aprendo que o vale foi tombado pela UNESCO, para preservar a quantidade de achados arqueológicos encontrados na região, e não estou falando de artefatos, coisa recente, não. No subsolo do Vale do Omo escondem-se vestígios de nossos ancestrais, hominídeos de 4 milhões de anos!

O que me leva a imaginar que um dia, há milhões de anos, o vale deve ter sido uma espécie de esquina do mundo, onde se encontravam e conviviam humanos de todos os tipos, andarilhos caminhando pela terra recém-nascida. Uma espécie de Nova Iorque pré-histórica…

Nova Iorque, sim, porque ali até hoje convivem (e brigam) uma imensa variedade de grupos étnicos. Leio que numa área de menos do que 15 mil quilômetros quadrados são faladas mais do que 10 línguas diferentes, fora os dialetos!

O fotógrafo alemão passou muitos meses entre algumas destas tribos, os Mursi e os Surma, para compor seu Ethiopia: Peoples of the Omo Valley, dois grandes volumes com as fotos que você viu lá em cima e textos explicativos dos rituais e das artes envolvidas na confecção dessas obras de arte humanas.

Embora pareçam saídos de alguma “Semana de Moda” de Paris, embora exibam-se tão modernos diante de nossos olhos ávidos de “propostas” que nos chacoalhem a alma, esses povos estão ameaçados. Viver no vale é um exercício duro de sobrevivência, as mudanças climáticas alteram o regime dos rios, as diferenças transformam-se facilmente em guerras, os olhares estrangeiros dos turistas enchem de furos a trama delicada e frágil da existência.

Preservá-los, como? Incluí-los no quê? Somos tão arrogantes de achar que nosso jeito de viver é tão melhor que todos, você também não acha?

Deixá-los lá, cobertos com um manto de invisibilidade, brincarem com as folhas, as flores, os galhos e todas as cores do planeta!

Fonte: Adília Belotti, Somos todos Um 

http://primosia.blogspot.com