domingo, 15 de maio de 2011

Nosso CAPS já tem nome: CAPS MARIA PIROLA


O CAPS II de Araxá foi reconhecido e nomeado através da Lei Municipal 5951/2011, como CAPS MARIA PIROLA.

O nome foi escolhido pelos usuários do CAPS em uma Oficina e aprovado em Assembléia Geral de Usuários, Familiares, Profissionais, e Amigos da Saúde Mental de Araxá. Os usuários justificaram a escolha na questão de que conheceram Maria Pirola, e hoje entendem que muitas de suas crises, delírios e seu vagar sem destino certo pela cidade, se deviam à falta de cuidados dignos em Saúde Mental. Ela não teve a oportunidade que muitos têm hoje, de decidir sobre seu tratamento, viver com a família, ter reconhecidos seus direitos de cidadão e lutar pela preservação dos mesmos. Uma justa homenagem... e que Maria Pirola inspire muitas Marias e Josés em suas caminhadas...

Aqui um pouco da história de Maria Pirola...



MARIA PIROLA

Autor: EDNEI, um amigo da Saúde Mental

Diz um ditado de autor desconhecido que “alguns procuram a felicidade, outros a criam”, e nisso sabemos que a felicidade está nas normalidades e nas diferenças.

Pensando nisso nos reportamos ao dia 10 de fevereiro de 1902 em plena segunda-feira dia do nascimento de nossa homenageada MARIA ANANIAS DE SOUZA, na cidade-irmã Ibiá, Minas Gerais. Nasceu no mesmo dia de Santa Escolástica, a santa que cultivava o silêncio, mas que clamava com fervor quando necessário, e o ousou quando precisou. Tal qual a nossa Maria, que ousava em suas fantasias, que na sua inocência eram realidade.

Maria de cor branca e corpo bonito não se sabe ao certo, já morando em Araxá teve o seu contato com o mundo do espetáculo quando aqui chegou um circo da fantasia, chamado Circo Pirolo, no qual dali pra frente foi contratada pelo mesmo, e passou a se apresentar como trapezista, batizada pelo palhaço Pirola com o nome artístico MARIA PIROLA, e aí Maria de Ananias de Souza, deixou de existir passando a ser só Maria Pirola. Ela trabalhou no circo por alguns anos, até que os primeiros sinais de suas alterações psicológicas começassem a surgir lá pelos 40 anos de idade. O comerciante Walter Natal, amigo de Maria Pirola acredita que ela não tinha problemas mentais, o seu problema era ser inocente ao extremo, ao ponto de acreditar que se falassem que ela possuía vários imóveis na cidade, conta bancaria recheada, ela acreditava e alardeava para todo mundo se dizendo fiel proprietária de tudo. Segundo ele ela tornou-se folclórica na cidade por ter um jeito exótico de se vestir, sempre com as sandálias com os pés trocados, e vivia a perambular pela cidade dia e noite, mas gostava mesmo é de ficar na rodoviária velha, talvez por relembrar uma época para ela que nunca mais retornaria. Com o agravamento de sua saúde mental foi internada no Hospital Santa Maria em Sacramento, Minas Gerais, não casou-se legalmente, mas teve um companheiro chamado Aquiles, que faleceu de hanseníase, outra doença descriminante na época, não teve filhos, acabou parindo deste mundo através de uma parada cardíaca numa sexta feira de 17 de outubro de 1986, dia de Santo Inácio, santo que foi sacrificado numa cova de leões por ser firme em suas crenças, tal qual nossa homenageada que lutou para ser feliz do seu jeito, mas foi incompreendida por uma época onde não se distinguia inocência de loucura.

Como dizia Madre Tereza de Calcutá: “Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e feliz”. Quem sabe Maria Pirola quis ser assim, e o preconceito e os preconceituosos a impediram.

DESEJAMOS QUE ATRAVÉS DO TRABALHO NO CAPS, COMECEMOS A ESCREVER UMA NOVA HISTÓRIA NA SAÚDE MENTAL, CORRIJAMOS E FAÇAMOS JUSTIÇA A TANTOS OUTROS QUE MORRERAM OU QUE VIVEM A MARGEM DA SOCIEDADE POR INCOMPREENSÃO.

Um comentário:

  1. LOREN GESSIKA MARTINS23 de agosto de 2011 às 11:45

    UMA HISTÓRIA LINDA QUE ESTÁ SENDO ESCRITA POR MÃOS TALENTOSAS A CADA DIA...!!

    ResponderExcluir