segunda-feira, 31 de maio de 2010

Admirável Gado Novo

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passam nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar, muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
A margem do que possa aparecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz

O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam, nem se pode flutuar.

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado ê
Povo feliz


Zé Ramalho

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