sábado, 12 de junho de 2010

Potência e Vida

Muitos pensam a potência e capacidade de viver submissos ao ideário da subjetividade capitalística.
Vemo-la na força bruta, na riqueza e no poder...
Ela, assim pensada, torna-se um atributo dos vencedores e venderores do capitalismo.
Deleuze e Guattari rompem com este paradigma de potência-dominação e impotência-submissão.
Outro olhar, outro pensar...
Existe para eles potência na fragilidade, na enfermidade, na velhice, nas minorias oprimidas...
Se conhecemos o que pode a força e o fuzil, pouco sabemos do que pode a suavidade e a ternura.
E elas podem... Podem para além do registro da relação Amo-Senhor, para além da servidão e do servilismo.
O corpo cheio com órgãos pode impor-se, sobrepor-se, destruir e lastimar o outro e a vida.
A suavidade e a ternura podem compor... e devir-se fortaleza nos territórios da solidariedade e nos vôos do amor.
Devir-se anjo e guerreiro é desterritorializar o corpo fálico, viril e virulento e na suavidade de um corpo sem órgãos, alisar os campos da existência e reinventá-la nova, na intensidade ética-estética dos encontros amorosos e da sensibilidade cósmica.
Um novo jeito de viver... na força da gentileza e da compaixão, da compreensão e da doação.
Outro mundo, outro povo...
Um lugar onde a criança brinca e sorri nas rugas do rosto envelhicido, mas revitalizado pela potência suave do amor-ternura.
Um lugar onde todos desfrutem do devir mulher, animal, mineral e, também, do devir imperceptível...
O que pode um corpo? se fálico, com órgãos... pode na brutalidade da dominação.
Se outro, dado às forças produtivas da vida e à realteridade, pode... na suavidade de quem já não vive de conquistas, mas de mudanças radicais, onde florescem as margaridas e os girassóis e onde cantam o sabiá e os curiós.

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