Uma contribuição para a construção do Serviço Público de Saúde Mental de Araxá, e para o exercício da cidadania e da sensibilidade.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Educação Continuada: O Trabalho Com Gestantes e Família Grávida
Saúde Mental: Os Desafios da Formação
Local: Escola de Saúde Pública de Minas Gerais
27 à 29 de maio em Belo Horizonte
http://mail.google.com/mail/?ui=2&ik=0a6626da29&view=att&th=120f334aea95e633&attid=0.3&disp=inline&zw
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Maldade Não é Loucura
Postado por Patrícia C. Schmid
Mais Louco é Quem Me Diz
sábado, 4 de abril de 2009, 22:17
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Harmonia Enlouquece
Vejam que interessante o conteúdo desse site http://www.harmoniaenlouquece.com
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Traduzir-se
Olá Pessoal
A coisa tá repercutindo e acho que Gullar vai é nos ajudar, ao contrário do que imaginávamos.
Hoje, no Blog do Bruno Galiasso (o rapaz que surtou na novela Caminho das Indias - Rede Globo) está publicada a carta do Gullar , e o Bruno pede que os leitores enviem para ele comentários sobre esta carta. Acho que é hora de enchermos este blog de comentários, afinal precisamos usar esta oportunidade a favor da nossa causa.
O endereço segue abaixo:
http://gagliassoblog.com/2009/
Então mãos à obra. Quem escreveu alguma coisa envie e quem ainda não escreveu, não perca essa oportunidade.
Deixo regitrada aqui a resposta que deixei no Em Defesa (Folha de São Paulo). Peço que os companheiros divulguem porque a Folha não publicou.
Prezado Ferreira Gullar
Certa vez você escreveu assim:
Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Quero acreditar que quem escreveu a coluna deste domingo de páscoa tenha sido apenas uma parte de você. Uma parte que não conhece os enormes avanços que a Reforma Psiquiátrica Brasileira e a lei (à qual você se refere como idiota), puderam fazer na vida e na história dos milhares de familiares e usuários com os quais lidamos no nosso dia-a-dia de trabalhadores da Saúde Mental. Antes desta lei - que não foi daquelas que surgiu de traz da orelha de um cretino qualquer, mas resultado de um processo de mais de 10 anos de discussão, luta, enfrentamentos e negociações. Familiares e pacientes tinham no manicômio único modo de ter e oferecer "tratamento" para suas loucuras ou doenças mentais. A mesma parte que desconhece que existem sim em nosso País e em outros manicômios, com este nome ou com outros mais amenos que continuam a ferir direitos mínimos dos seus "frequentadores". Manicômios que ainda mantêm pessoas encarceradas por 20, 30 ou mais anos, condenadas à reclusão simplesmente pelo fato de serem doentes mentais.
Não quero acreditar que um poeta sensível como você consiga enxergar na doença de seus filhos somente pessoas dispostas a matar ou morrer quando estão em crise. Outra parte de você, certamente, conhece muitas outras facetas e singularidades que só quem convive de perto com a esquizofrenia ou outras doenças mentais pode experimentar. Por isso minha carta é um convite... um convite para que você escute a outra parte de si mesmo e dessa história que você conta de maneira rasteira e parcial, uma história que tem lá suas dificuldades e imperfeições (e bem sabe você que num mundo perfeito não haveriam poetas). Mas é uma história bonita e legítima, que merece no mínimo respeito. Convido outra parte de você a conhecer um CAPS (ou serviço desse tipo) e escutar o depoimento de usuários e familiares que lá frequentam, e que puderam mudar suas histórias por causa das transformações que esta lei provocou em suas vidas. Uma parte de você também não sabe que a hospitalização, de qualquer natureza, não é mais a única solução para as chamadas crises, existe muito mais a se fazer... Outra parte de você também ficaria encantado em saber que esta lei contruiu muito mais coisas do que descontruiu, descontruiu os manicômios, mas construiu um sem número de outras possibilidades, dispositivos, formas de tratamentos, além de muita arte, música e poesia... Creio sinceramente que quem escreveu este artigo é a parte de você que ainda não conheceu a outra parte da história. Então venha conhecê-la, tenho certeza de que nenhuma parte de você irá se arrepender.
Saudações antimanicomiais
Rita de Cássia de A. Almeida
Juiz de Fora/MG
Impossível Silenciar!
Indiferença e Silêncio. Talvez tal binômio fosse a melhor resposta ao artigo “Uma Lei Errada”, publicado na Ilustrada da Folha de São Paulo, nesse domingo último, destinando-o à vala comum dos panfletos inconseqüentes. Talvez não valesse a pena responder a uma tal infâmia se o artigo tivesse sido escrito pelo representante de uma confederação qualquer dos hospitais ou dos laboratórios, mas não: estamos lendo um escrito assinado pelo autor do inigualável Poema Sujo, por um dos co-atores do Manifesto Neo-concreto, estamos falando do grande poeta Ferreira Gullar. Urge responder ad hominem, impossível diante dele se calar.
Pois então, vejamos. O autor ali se permite ser duro e ofensivo, talvez sob a pretensão de ser enfático e contundente. Cada palavra é cuidadosamente escolhida para ferir; a difamação é dirigida, sem restrição, ao conjunto dos autores e atores sociais do movimento da luta anti-manicomial. Resume-se a complexidade de um processo difícil, eivado de sucessos e obstáculos ao longo de quase 22 anos, como se ele não mais fosse do que a reação histérica de uma “classe média [que] quase nunca se detém para examinar as questões, pesar os argumentos, confrontá-los com a realidade”. Um deputado petista, citado sem ser nomeado, é acusado de ter declarado que as famílias dos doentes mentais os internavam para se livrarem deles. Lêem-se as aspas, mas não está indicada a fonte dessa declaração, o que deixa o autor mais à vontade para chamá-lo de “cretino”, porque supostamente “não sabe o que é conviver com pessoas esquizofrênicas” na família e desconhece a dor de um pai que tem quer internar um filho. Sua campanha, portanto, aos olhos do grande poeta, não passa de uma “demagogia como qualquer outra”, fundada em dados falsos ou falsificados. Num retorno ao politicamente correto, ele ainda acrescenta que a escolha do termo manicômio visa produzir uma distorção ideológica do sentido que hoje deveríamos atribuir aos nossos modernos hospitais psiquiátricos.
A difamação é grave, gravíssima, e deve chegar ao conhecimento de grande parte dos leitores dominicais da Folha de São Paulo. Impossível, portanto, manter-se em silêncio. A ética nos impõe um revide rápido. Valendo-nos de uma conhecida tática marcial, que consiste em combater se servindo do próprio movimento do adversário, responderíamos que esse escrito incorre repetidas vezes na irreflexão que ele inadvertidamente atribui aos que até hoje sustentam os princípios e conseqüências da reforma anti-manicomial. Façamos, pois, perguntas diretas, no presente do indicativo, deixando de lado as alusões e os condicionais: O que sabes para afirmar que alguém desconhece a dor de conviver com pessoas esquizofrênicas na família? Não, caro poeta, sofrimento mental na família não é, nem de longe, exclusividade do Sr. Ferreira Gullar. Sabes o quão freqüente e desolador era o abandono de doentes mentais pela família nos hospitais psiquiátricos, sobretudo nos serviços públicos? Podes me citar qual estatística sustenta que o número de doentes mentais abandonado nas ruas, dormindo sob viadutos, aumentou após a reforma anti-manicomial? Não, caro poeta, freqüentar serviços públicos, ao que tudo indica, não é a especialidade do Sr. Ferreira Gullar.
Mas isso não é tudo. O artigo, quem diria, parece ter sido escrito por alguém também versado em psicofarmacologia, cuja rispidez para falar da reforma anti-manicomial só é comparável à suavidade com a qual aborda as medicações neurolépticas, que, segundo ele, “não apresentam qualquer inconveniente”. Sancta simplicita! Já ouvistes falar da discinesia tardia, do parkinsonismo induzido, da acatisia...? A lista de efeitos colaterais é importante e extensa, somente com ela se poderia preencher essa página, lembrando-lhe que quem escreve essas linhas é um psiquiatra que não se furta a recorrer cuidadosamente aos medicamentos, quando eles se fazem necessários. Mas que nem por isso se permite destacar os neurolépticos como maior progresso no tratamento humanizado da doença mental, nem afirmar que “graças a essa medicação, as clínicas psiquiátricas perderam o caráter carcerário para se tornarem semelhantes a clínicas de repouso”. Tampouco posso aceitar que se reduza o restante da clínica a um repertório de divertissements, para retomar o termo tão lucidamente criticado pelo filósofo Blaise Pascal. Mencionas as salas de jogo, de cinema, teatro, piscina e campos de esporte, mas em nenhum momento encontramos, em seu escrito, sequer uma referência às verdadeiras práticas de condução clínica vastamente documentadas.
Estranha-me, enfim, caro poeta, que de tua arte máxima não tenhas se valido para fazer uma mínima menção à psicanálise, que, como a poesia, desde Mallarmé, sempre esteve atenta à afinidade estreita entre a loucura e a palavra que sobre ela mesma se dobra.
Antônio R. M. Teixeira - Médico, Psiquiatra, Mestre em Filosofia Contemporânea, Doutor em Psicanálise - Paris VIII, Professor Associado do Departamento de Psicologia da FAFICH-UFMG, editor da revista Estudos Lacanianos e da revista eletrônica www.clinicaps.com.br, destinada à publicação de artigos em Saúde Mental.
Uma Lei Errada???
Recebemos muitos e-mails sobre o texto de Ferreria Gullar publicado na Folha de São Paulo e por isso estamos enviando alguns deles. Comente você também.
Sílvia Maria Soares Ferreira - Usuária da rede pública de saúde mental de Belo Horizonte, 1ª Tesoureira da ASUSSAM-MG (Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais), militante do Fórum Mineiro de Saúde Mental e membro da Comissão Municipal de Reforma Psiquiátrica.
Uma Lei Errada
Isso começou por causa do uso intensivo de drogas a partir dos anos 70. Veio no bojo de uma rebelião contra a ordem social, que era definida como sinônimo de cerceamento da liberdade individual, repressão "burguesa" para defender os valores do capitalismo.
A classe média, em geral, sempre aberta a ideias "avançadas" ou "libertárias", quase nunca se detém para examinar as questões, pesar os argumentos, confrontá-los com a realidade. Não, adere sem refletir.
Havia, naquela época, um deputado petista que aderiu à proposta, passou a defendê-la e apresentou um projeto de lei no Congresso. Certa vez, declarou a um jornal que "as famílias dos doentes mentais os internavam para se livrarem deles". E eu, que lidava com o problema de dois filhos nesse estado, disse a mim mesmo: "Esse sujeito é um cretino. Não sabe o que é conviver com pessoas esquizofrênicas, que muitas vezes ameaçam se matar ou matar alguém. Não imagina o quanto dói a um pai ter que internar um filho, para salvá-lo e salvar a família. Esse idiota tem a audácia de fingir que ama mais a meus filhos do que eu".
Esse tipo de campanha é uma forma de demagogia, como outra qualquer: funda-se em dados falsos ou falsificados e muitas vezes no desconhecimento do problema que dizem tentar resolver. No caso das internações, lançavam mão da palavra "manicômio", já então fora de uso e que por si só carrega conotações negativas, numa época em que aquele tipo hospital não existia mais. Digo isso porque estive em muitos hospitais psiquiátricos, públicos e particulares, mas em nenhum deles havia cárceres ou "solitárias" para segregar o "doente furioso". Mas, para o êxito da campanha, era necessário levar a opinião pública a crer que a internação equivalia a jogar o doente num inferno.
Até descobrirem os remédios psiquiátricos, que controlam a ansiedade e evitam o delírio, médicos e enfermeiros, de fato, não sabiam como lidar com um doente mental em surto, fora de controle. Por isso o metiam em camisas de força ou o punham numa cela com grades até que se acalmasse. Outro procedimento era o choque elétrico, que surtia o efeito imediato de interromper o surto esquizofrênico, mas com consequências imprevisíveis para sua integridade mental. Com o tempo, porém, descobriu-se um modo de limitar a intensidade do choque elétrico e apenas usá-lo em casos extremos. Já os remédios neuroléticos não apresentam qualquer inconveniente e, aplicados na dosagem certa, possibilitam ao doente manter-se em estado normal. Graças a essa medicação, as clínicas psiquiátricas perderam o caráter carcerário para se tornarem semelhantes a clínicas de repouso. A maioria das clínicas psiquiátricas particulares de hoje tem salas de jogos, de cinema, teatro, piscina e campo de esportes. Já os hospitais públicos, até bem pouco, se não dispunham do mesmo conforto, também ofereciam ao internado divertimento e lazer, além de ateliês para pintar, desenhar ou ocupar-se com trabalhos manuais.
Com os remédios à base de amplictil, como Haldol, o paciente não necessita de internações prolongadas. Em geral, a internação se torna necessária porque, em casa, por diversos motivos, o doente às vezes se nega a medicar-se, entra em surto e se torna uma ameaça ou um tormento para a família. Levado para a clínica e medicado, vai aos poucos recuperando o equilíbrio até estar em condições que lhe permitem voltar para o convívio familiar. No caso das famílias mais pobres, isso não é tão simples, já que saem todos para trabalhar e o doente fica sozinho em casa. Em alguns casos, deixa de tomar o remédio e volta ao estado delirante. Não há alternativa senão interná-lo.
Pois bem, aquela campanha, que visava salvar os doentes de "repressão burguesa", resultou numa lei que praticamente acabou com os hospitais psiquiátricos, mantidos pelo governo. Em seu lugar, instituiu-se o tratamento ambulatorial (hospital-dia), que só resulta para os casos menos graves, enquanto os mais graves, que necessitam de internação, não têm quem os atenda. As famílias de posses continuam a por seus doentes em clínicas particulares, enquanto as pobres não têm onde interná-los. Os doentes terminam nas ruas como mendigos, dormindo sob viadutos.
É hora de revogar essa lei idiota que provocou tamanho desastre.
Ferreira Gullar
Folha de São Paulo - 12/04/09
Conheça mais sobre ele em www.literal.terra.com.br/ferreira_gullar
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Antonio Lancetti em Uberaba
A Política da Laranja Podre
As repercussões da produção, comercialização e consumo de drogas são percebidas nas várias interfaces da vida social: na família, no trabalho, no trânsito, na disseminação do vírus HIV, no aumento da violência, na corrupção das instituições, etc. São justamente os custos sociais, cada vez mais elevados, que tornam urgente uma ação enérgica e adequada. O dependente de drogas é, sem dúvida, o grande paradigma da nossa sociedade. Ele é o consumidor mais fiel a um produto, gerando uma demanda constante e em aumento, que tem na figura do comerciante, no caso das drogas lícitas, ou do traficante, para drogas ilícitas, o contraponto necessário para o seu consumo. Uma política apenas repressiva da produção e comercialização de drogas tem se mostrado insuficiente para conter este aumento.
Drogas: o impasse da paixão
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Redução de Danos
O Ministério da Saúde lançou hoje (16) edital, no valor de R$ 1,4 milhão, para o financiamento de projetos de instituições governamentais, não governamentais e universidades voltados ao fortalecimento das ações de redução de danos junto a usuários de álcool e outras drogas. As propostas devem ampliar o acesso desses dependentes aos serviços de saúde, melhorar e qualificar o atendimento oferecido a eles pelo SUS e fortalecer as ações comunitárias de redução de danos. De acordo com o coordenador da Área Técnica de Saúde Mental, Pedro Gabriel Delgado, o plano amplia a capacidade do SUS de enfrentar os problemas dos usuários de álcool e outras drogas. Segundo ele, a dependência de álcool é a primeira no ranking das drogas ingeridas no país, por cerca de seis milhões de pessoas, na faixa etária de 12 a 65 anos de idade. “Os dependentes de álcool representam 12% dessa parcela da população”, afirma Delgado. O consumo de outros entorpecentes, como maconha, cocaína, crack e solventes, não tem grande prevalência quando comparado a outros países da Europa e Estados Unidos. Os dados da pesquisa do Ministério da Saúde ― Vigitel 2008, lançada no início de abril ― revelaram que 21% da população masculina admitem dirigir depois de ter bebido. Essa associação entre álcool e volante tem contribuído para o aumento dos acidentes de trânsito. As consequências dessa associação estão no rol de objetivos dos projetos de redução de danos.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Organização de Serviços - Diálogo Necessário
terça-feira, 14 de abril de 2009
"Antidepressivos, Graças a Deus"
Porta de Entrada - Acolhimento
Supervisão Clínico-Institucional
Supervisão Clínico-Institucional
Exercido por profissionais de formação teórica e prática diversas, o ofício da supervisão apresenta algumas características comuns, no entendimento da CNSM, apresentadas a seguir:
1. A supervisão deve ser "clínico-institucional", no sentido de que a discussão dos casos clínicos deve sempre levar em conta o contexto institucional, isto é, o serviço, a rede, a gestão, a política pública. Assim, ao supervisor cabe a complexa tarefa de contextualizar permanentemente a situação clínica, foco do seu trabalho, levando em conta as tensões e a dinâmica da rede e do território. Em outras palavras: buscando sustentar o diálogo ativo entre a dimensão política da clínica e a dimensão clínica da política.
2. Escolhido pelo município onde se localiza o serviço e a rede, espera-se que o supervisor inicie sua tarefa contando com condições propícias de acolhimento pela equipe, de modo a também acolhê-la em suas dificuldades, tensões internas, sobrecarga, construindo um ambiente de trabalho favorável. Estudos (em relatórios preliminares) do edital MS/CNPq 2005 vêm mostrando que as equipes dos CAPS têm uma representação positiva de seu trabalho, mas se mostram muito desgastadas com as dificuldades concretas da gestão pública (somadas à complexidade da tarefa clínica que realizam). Cabe ao supervisor compreender esta dinâmica, desvelando-a para a equipe – multidisciplinar, heterogênea, com tradições teóricas diversas e fenômenos grupais inevitáveis -, de modo a ajudar no andamento da vida do serviço e na construção permanente do trabalho da equipe (marcado por vitalidade e conflito).
3. Qualquer que seja sua tradição teórica predominante, cabe ao supervisor enfrentar ele mesmo o desafio do novo cenário de sua prática (o CAPS e a rede pública de saúde), ajudando a equipe a buscar permanentemente, em cada caso clínico, a construção dos conceitos operativos de rede (de serviços de saúde, de outras políticas intersetoriais, familiar, social, cultural, laboral) e de território (o lugar da vida do sujeito, suas características culturais, suas interações significativas). Sujeito, rede e território articulam-se no projeto terapêutico, cujo objetivo final é ajudar o serviço e a rede a apoiarem o paciente e sua família na construção da autonomia possível.
4. Este "novo cenário" da prática do supervisor é o espaço social concreto e histórico da vida dos sujeitos e da instituição, no âmbito de uma política pública, o SUS. O supervisor deve trabalhar na direção da construção do SUS, buscando sempre vencer a dicotomia, que com freqüência se instala, entre as diretrizes gerais da política e a construção particular do cuidado clínico, que seja capaz de levar em conta a complexidade da dimensão existencial de um sujeito singular em um determinado território.
5. As 3 dimensões referidas (a supervisão como clínica e institucional; a integração da equipe de cuidado; e a construção do projeto terapêutico articulando os conceitos de sujeito, rede, território e autonomia) são características da tarefa da supervisão, e perfeitamente harmonizáveis com formações teóricas diversas (desde que o supervisor esteja aberto a exercer sua competência clínica no cenário peculiar da rede pública de saúde mental). Mas este desafio – de exercer a competência técnica no cenário da saúde pública, harmonizando as diversidades profissionais e teóricas - não é só dos supervisores, mas uma condição para o êxito mais permanente da Política Nacional de Saúde Mental.
6. Embora recente, a supervisão clínico-institucional em saúde mental já tem uma história. É uma prática que surge no contexto dos inicialmente chamados "serviços substitutivos", que hoje integram a rede de atenção psicossocial. Os novos supervisores precisam apropriar-se desta história, da política nacional de saúde mental, dos problemas e desafios dos novos serviços, do contexto do SUS. Inicialmente, sugerimos, para aqueles que não os conhecem, a leitura de um conjunto de documentos básicos da política (Manual dos CAPS, Relatório de Gestão 2003-2006, Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Mental, Saúde Mental e Economia Solidária, Saúde Mental da Criança e Adolescente, Legislação de Saúde Mental, WHO-AIMS Report Brazil 2007), facilmente acessíveis no endereço www.saude.gov.br/bvs/saudemental. Em seguida, vale a pena familiarizar-se com a recente produção teórica em torno do trabalho dos CAPS, da rede de atenção psicossocial e do próprio ofício de supervisão.
7. Para propiciar um diálogo viável e permanente, o Ministério da Saúde está buscando concretizar a proposta de uma "Escola de Supervisores", nascida do I Congresso Brasileiro de CAPS (São Paulo, 2004), um dispositivo capaz de permitir a difusão e intercâmbio do ofício de supervisor. Uma "Escola" aberta, pública, que permita a articulação entre os supervisores dos diversos territórios do país.
Atenciosamente,
Coordenação Nacional de Saúde Mental
Dezembro de 2007
Oficinas no Ambulatório de Saúde Mental
Grupo de Convivência - Unileste
Geração de Renda e Cidadania
Antonio Lancetti em Uberaba
sábado, 11 de abril de 2009
Atualização em Saúde Mental - Maio 2009
13h30 às 17h30 - Os Transtornos Psíquicos Graves - Luiz Carlos (Psiquiatra - Caps Maria Boneca, Caps Uberaba e Saúde Pública Ibiá)
Dia 22/05 - 8h às 12h - O Recurso aos Psicofármacos como Auxílio ao Tratamento - Celso Peito (Psiquiatra - Caps Frutal e Saúde Pública Iturama)
13h30 às 17h30 - Abordagem dos Usuários Mais Frequentes das Unidades Básicas - Sandra Pimenta (Psicóloga Caps Uberaba)
Dia 29/05 - 9h às 12h30 - O Tratamento dos Portadores de Sofrimento Mental na Rede Substituiva ao Hospital Psiquiátrico - Fátima de Oliveira (Psicóloga - Caps Maria Boneca)
Local a ser definido.
Ferreira Gullar fala da dor de um pai de dois filhos esquizofrênicos. Temos que acolhê-lo nessa dor e tentar convencê-lo de que os serviços substitutivos, os CAPS, tratam e ajudam na recuperação de pessoas que sofrem com doença mental. O Poeta parece desconhecer que a lei da qual ele reclama possibilitou a inserção social de muitos brasileiros, antes asilados nos grandes hospícios. Nunca negamos o valor da internação, mas esse procedimento hoje não é a primeira escolha. Precisamos ajudar os doentes mentais garantindo a eles um cuidado intensivo nos CAPS: atendimentos individuais, grupais, oficinas terapêuticas, projetos de geração de renda, trabalho e lazer. Quando tudo isso não ajudar, o paciente poderá ser internado. A equipe do CAPS irá acompanhá-lo na internação. Depois da alta ele continuará seu tratamento no CAPS, objetivando evitar que novas internações sejam necessárias. O trabalho que temos feito para o seu personagem mostrará esse percurso e Tarso encontrará ajuda eficaz, quando finalmente sua família aceitar seu tratamento na Clínica do Dr Castanho - O Instituto de Atenção Psicossocial/IAP - inspirado nos CAPS. Infelizmente não conseguimos colocar o nome CAPS, por questões relativas ao jurídico da Globo, mas a inspirição está lá, nas ações de toda a equipe da clínica. É isso que queremos mostrar para familiares que pensam como o Poeta, que temos como ajudá-los, que a lei possibilitou isso… Contudo, não conseguimos sensibilizar todo mundo e temos que ser humildes para acolher a dor do Poeta sem atacá-lo ou demonizá-lo como um inimigo. Ele é mais que tudo um pai que sofre, com feridas ainda sangrando uma dor que não estanca… Gostaria muito de ouvi-lo e tentar ajudá-lo!
Um beijo grande
Patrícia Schmid
Comentário direcionado ao blog de Bruno Gagliasso